Quando ganhamos o poder da inovação, inventamos a crença de que podemos transformar uma empresa centenária em um curto espaço de tempo. Logo no começo, entendemos que o caminho é mais tortuoso do que imaginávamos: temos que trabalhar pela transformação cultural da empresa, lidando com a autonomia e falta de budget, tentando garantir o foco na inovação e o alinhamento com as áreas fomentadoras. Ao mergulharmos em cada uma dessas travessias, as descobertas são muito valiosas. Conhecemos a alta liderança da empresa e entendemos que suas verdadeiras histórias são sempre marcadas por crises, erros, aprendizados e mudanças.
É nesse momento que nos deparamos com um grande dilema do mundo dos negócios – e um dos inimigos da inovação: o sucesso instantâneo e a crença de que uma grande sacada, seguida de uma execução infalível, seja a receita mágica para a inovação e resultados imediatos. Porém, como heads de inovação, sabemos que a nossa jornada será, inevitavelmente, marcada por inúmeros testes e erros, o que nos leva ao desafio de gerenciar expectativas e frustrações criadas a partir de uma cultura da infalibilidade, sem cair em uma narrativa “ruim” logo na primeira falha.
Se analisarmos os filmes de super herói, a tentativa de esconder o erro é o ponto de inflexão de quase todos os grandes vilões. Eles descobrem as imperfeições do sistema, mas são rechaçados e assumem sua impotência perante aqueles que, há anos, exercem o poder de uma determinada forma. Solitários, tentam mudar a realidade e acabam se enveredando para o mal.
É exatamente neste ponto que os heads de inovação precisam buscar alternativas para não seguir esse caminho. O que pode ser feito quando chegamos nessa bifurcação?
A questão é muito mais complexa do que conduzir boas dinâmicas motivacionais ou montar squads para resolver quaisquer problemas. Aliás, os squads não têm a menor chance de serem bem sucedidos se outras amarras organizacionais ainda não estiverem desatadas.
E aqui está a nossa chance de mudar o curso da história: aliando-nos às lideranças da empresa e trabalhando em uma mudança cultural de cima para baixo, alinhada aos objetivos estratégicos da organização para comprovar, de forma clara e prática, porque, como e o que precisamos fazer diferente.
O segredo para o sucesso da transformação no longo prazo e para fomentar um ambiente obcecado pela experimentação, está no apoio ativo dos CEOs, de executivas e executivos, que precisam apoiar a inovação através de cultura, processos e estrutura corporativa, além de ajudar a criar novas lideranças protagonistas e empreendedoras.
Uma cultura que também pode ser vista como uma rede de segurança aberta aos erros inerentes ao processo de inovação: quando nossas hipóteses, planos ou processos falham, uma mão amiga e invisível aparece para nos colocar de pé, para tentarmos e aprendermos novamente, evoluindo como indivíduos e, mais do que isso, como organização. E essa é uma responsabilidade intransferível da alta liderança.